O jogo da imitação (frieren pt2)
Após vencer o demônio que tentou embosca-la na prisão Frieren se sente obrigada a fugir, pois como ela argumenta, os demônios quando morrem se dissipam em mana, diferente dos humanos que cultivam sua memória eles não deixam "rastros", logo ela não pode provar o ataque que sofreu, não ha "registro". Os demônios imitam a fala humana, ela explica, apenas para enganar suas presas, são caçadores, também ela é uma caçadora, ela caça os caçadores e engana os enganadores. toda uma vida dedicada a uma farsa, uma farsa pra vencer outra farsa.
"Atire em mim" disse a copia falsa de Himel, criada por um demônio pelas memórias de Frieren "achei q vc diria isso". Uma copia falsa mas fiel, tão fiel que falha enquanto copia, enquanto enganação, pois abre o caminho pra Frieren, como o herói faria.
A palavra nisemono aparece no anime n vezes. Não por acaso, himel, dessa vez o verdadeiro, o herói q salvou o mundo, era um herói de mentira com uma espada de mentira, todos os grimórios de flame são falsos, a ponto de que se torne um mero conto de fadas mas é esse conto de fadas que orienta e arrasta toda a jornada de Frieren, sua presença é inescapável, "mesmo depois de mil anos ainda estou comendo na sua mão".
Frieren busca não so suas memórias, mas algo que escapa as memórias, ela é um registro vivo, mas o que a guia na sua jornada, em busca daquilo q a memória 'deixa pra trás' são as farsas, as falsificações, as estatuas (que não reproduzem a verdadeira beleza de Himel como ele diz) os mímicos (sim, os mímicos não são so uma gag gratuita, eles tem um papel na poética do anime), os clones da dungeon mas sobretudo a maior farsa de todas, a própria Frieren. Se Himel e o herói de mentira com espada de mentira q se tornou de verdade pelas suas ações, Frieren e a maga de verdade que "trai' a magia, quem engana e se esconde, que é "uma vergonha pra todos os magos".
O anime não separa a memória das falsificações, pois a própria memória é a falsificação daquilo que não se repete, o registro também é uma copia, uma farsa. Mas não ha aqui uma oposição entre o verdadeiro e o falso, não é que a copia não seja capaz de reproduzir fielmente algo, mas na sua fidelidade, ela trai o seu próprio propósito enquanto copia. Frieren privilegia não a verdade, e nem mesmo a copia mais fiel, mas a copia que produz um desvio. um desvio que cria algo novo, ou nos leva pra outro caminho, nos transforma. Mesmo que o feitiço de detecção de mímico seja 99% correto, ela decide acreditar, todas as vezes, que algo único pode acontecer, que algo novo pode ser encontrado, não apesar, mas através dessa farsa. Como Heiter decide acreditar na deusa, pq "seria melhor q fosse verdade". O filho do nobre morto não pode ser substituído por stark, o que passou nunca volta, mas o que esta em jogo aqui não eh uma negação da copia em favor de uma origem que já se perdeu, e sim a distinção entre falsificações, entre as falsificações q são apenas enganadoras e as vezes perigosas, as vezes apenas "vazias", e as falsificações que criam, que nos levam a novos lugares, nos inspiram, nos ensinam algo ou apenas nos dão motivo pra continuar. Aqui não ha pílula azul e pílula vermelha, não ha verdade a ser revelada, há apenas o futuro a ser criado e cabe a nós faze-lo, mesmo que seja preciso virar o mundo de ponta cabeça.